cá fora…
é o outro lado de quem está dentro da cabeça com os pés frios.
cá fora é o mote de uma trajectória entre planetas, para recolher os cadernos de ‘papel de mesa’ que o autor deixou por aí… É o lado das memórias criadas pela distância emocional – criamos com as memórias uma outra visão de futuro.
António Pocinho, visionário e crítico atento do universo, deixou uma obra paradoxal, imbuída de ironia e de humor negro, visitando universos tão diferentes como a realidade quotidiana ou a ficção científica e sociológica. Exercitando o equilíbrio entre a narrativa, a poesia e a harmonia com registos tão diferentes como o lúdico, o trágico e o lírico. Deixou uma obra que merece ser observada.
Mais do que uma promessa, cá fora, quer ser um espaço de encontro, entre o escritor e cada um de nós.
Na curta vida de António Pocinho, este período consegue ser mais curto que a obra que nos deixou. Com um percurso de vida, entre as memórias do passado e um futuro já visionado, questiona-se “Será que eu tenho mesmo uma missão na Terra?”.
Haverá resposta a esta questão? Sabemos apenas que vale a pena experienciar uma obra que não sendo única, faz parte de um cânone descomprometido “de quem não deve castidade ou vassalagem a nenhum ismo nem a ninguém”.1
Em memória de António Pocinho
|Maria João Pocinho
______________
1 Domingos, Paulo. EXPRESSO, 1988 -