Última notícia: o poeta António Pocinho chegou livre ao grande poço da poesia
Última notícia: o poeta António Pocinho chegou livre ao grande poço da poesia
Nada desaparece, tudo fica…. Não há nem menos nem mais matéria neste mundo… ninguém desaparece: permanecem os seus risos, as suas palavras nas folhas, as suas angústias presas nas pedras, a sua tristeza nas correntes dos rios, os seus pensamentos nos animais selvagens. Enfim, a presença de todos está por todos os lados…o que é assustador é isso: a presença da presença, a sua intransigência…o real mais que real. Para sobreviver a isso temos uma arma absoluta e poderosa: a imaginação. Deixar de a exercitar seria o fim do mundo.
Sei que o Pocinho tinha esta arma em quantidade invulgar. Por isso, como bom patafísico que é, já foi acolhido e aceite no absurdo mas coerente paraíso patáfisico (espero que ele não se esqueça de cumprimentar por mim o Alfred). Está com certeza nesta hora acompanhado do Dr. Faustrol: ambos microscópicos, deambulando nos labirintos das folhas de couve, provando o efeito invulgar de serem satélites de planetas distantes ou visitando o sol…provavelmente esta lá na boa, muito melhor que neste absurdo, neste sempre absurdo e teimoso presente. Imagina! A vida e tão absurda que inventou a morte! Só um poeta podia ter cometido isso (os poetas são todos criminosos?…). O Pocinho participou activamente nesta linda e tremenda loucura. Deixou atrás dele, como fazem as estrelas cadentes, um rasto de poesia…
mattia 12 agosto de 2010. são paulo.