Margarida Vale de Gato

Para o António Pocinho

O nosso entendimento crescia
da tímida comichão, o sermos
fraternamente mal na nossa pele

sem precisarmos de muita fala:
reconhecemo-nos em Michaux
mas podia ter sido Rimbaud,

delicadamente, no que viver te vi,
maneira discreta, de te pôres
a jeito – fora da luz directa –

a mais gentil sombra que conheci.

Lisboa, 2011